Manhã de Manha

Momento tão triste como esse meu
Não sei não sofrer - sei não
Não sei não sofrer porque é dor de paixão
Saudade da voz tão rouquinha de
Manhã nhã nhã nhã - manhã
Cedinho me acorda e vem logo manha

Só sei dizer que nunca sei dizer em vão
Então, por que você vem sempre perguntar, meu bem, em vão, se é sempre tão bom?

Quer saber, eu me rendo
Vou dizer o que você quer
Mas saiba que é tortura ser deixado assim, down, nessa solidão

Momento tão triste como esse meu
Não sei não sofrer - sei não
Não sei não sofrer porque é dor de paixão
Saudade da voz tão rouquinha de
Manhã nhã nhã nhã - manhã
Cedinho me acorda e vem logo manha

Saudade da voz tão rouquinha de
Manhã nhã nhã nhã - manhã
Cedinho me acorda e vem logo manha

Sofro Calado...

Não vou invadir sua vida...

Mas quero que me invada e me cerque, com declarações do coração, apaixonada...

O que de você emana...

É tão fluido, que, do nada, eu me perco e pode ser que surpreenda, então, com um ato falho...

Enquanto você se encanta...

Com meus beijos e abraços... Mesmo assim, eu devo lhe dizer: o amor não está: consolidado... 

 

Faça planos...

Na madrugada...

Sonhe comigo...

Escreva cartas...

Apaixonada...

Voe comigo...

Até o abrigo...

Da minha casa...

O Melhor de Mim


(Texto escrito durante a montagem do espetáculo À Mesa, quando se definiu que meu personagem seria o Atrapalhado. As vivências durante os ensaios foram bastante conflituosas. Quando o diretor e o dramaturgo pediram que escrevêssemos textos sob a personalidade de cada personagem, busquei apresentar o bullying resultante do seu estigma e do seu destino patético. Em se tratando de um espetáculo que era construído com a comédia como gênero, busquei acentuar o estereótipo de um atrapalhado ridículo, que sofre inconformadamente seu déficit de atenção e o bullying...)

Antes de mais nada, peço desculpa. Não vou deixar de me expressar aqui com toda a minha sinceridade. E antes que considerem inútil este texto, peço que me dêem atenção...
Tem uma coisa que gosto de fazer: escrever... expressar... e sabendo disso, precurei desde sempre saber escrever.
E aprendi bem a maneira como se escreve o meu expressar, vejam só... por exemplo há regras gramaticais que ninguém sabe - quando digo ninguém, me refiro a nenhuma pessoa, e ao mesmo tempo, no sentido de eu ser o Ninguém, o único que sabe, que é o mesmo que um ninguém ou ainda um alguém acorrentado e amordaçado.
A regra gramatical do obrigado, por exemplo, está aqui, nessa gramática atualizada que carrego comigo, de baixo do meu braço, para que não me contestem... quando duas ou mais pessoas são gratas, elas dizem obrigados, no plural... está aqui... não quero ser arrogante, mas essa regra eu sei.
Bem, continuando... peço novamente que não me interrompam, dizendo que fujo ao tema desta conversa... mas é que sou tão problemático! Sofri os mais profundos sentimentos na vida, que me fizeram alcançar: o opróbrio do meu destino... Tem gente que vê isso em mim, mas interpreta como um pessimismo meu... ou como uma baixa autoestima... outros dizem que tenho Mania de Perceguição... os que dizem isso, claro, não são psiquiatras... e se suas suposições fossem por escrito, certamente, designariam tal patologia com letras minúsculas, ignorando a gramática.
Meu Deus, que análise rasa sobre mim!
Agora vou à origem... gosto de escrever, gosto de me expressar, mas a origem é o sofrimento... se é uma coisa que sei fazer é sofrer... porque gosto do sofrimento... as palavras me vêm, compreendem?
E é isso o que melhor sei fazer... sofrer... na verdade, escrever, um monte de gente sabe.
Mas, entendam! Não sejam injustos! É preciso que saibam... eu nasci para isso: sofrer!
Há quem não entenda as harmonias mais tensas... há quem tenha agonia com a escatologia... enquanto eu faço delas poesia.
Sinto-me como uma mosca varejeira presa numa fossa transbordante de caganeiras múltiplas.
Às vezes eu me sinto capaz... capaz de suportar qualquer coisa e de realizar as ideias mais mirabolantes.
Sabem a alegoria da caverna, de Platão? Em uma caverna todos estão acorrentados, presos, e não enxergam o mundo real... só enxergam as sombras desse mundo... até que um homem se livra das correntes e passa a ver as pessoas como elas são e o mundo como ele é.
Eu sou esse homem... liberto... lúcido e cheio de ideias!
Eu sou justamente esse homem liberto e lúcido que retorna para a caverna e tenta salvar os seus semelhantes, mas é por eles preso e acorrentado...
É por isso que eu, mais do que todos, sei sofrer... sofro... e tenho orgulho de sofrer!
Mesmo que me matem cem vezes, hei de projetar nas paredes da caverna a mais verdadeira e iluminada tela de cinema!
E meu tema preferido é o amor!
Amo tão profundamente!
Sou capaz de amar mais ainda aquela mulher: que me faça sofrer!