Sol de Gelo

Quem mais do que eu gosta de ser feliz ao lado de quem rebate o prazer de estar junto? O difícil é se ver ao lado de tantos e querer estar só... É difícil administrar meu tempo e meus batimentos cardíacos com tantos amigos... pode ser que me acostume e que isso me fortaleça... ou pode ser que não dê conta e volte ao meu gigante e distante planeta, que gira em torno de um sol de gelo... mas ainda lá vou querer gritar e querer que me ouçam...
Nunca pensei que pudesse viver tantos faz-de-conta... e o que sempre desejei, hoje temo seja meu, porque uso de toda minha força vital, para que seja meu... não é um medo exatamente de ter, mas de, na tentativa de ter, pertencer... e acabar sem força...
Estar longe do meu mundo afinal é o que me entristece? Ou será que é tristeza o nome do meu mundo?
Acho que não devo temer o que já é...
Sei o que devo fazer... meu planeta não deve caber em mim... eu é que devo caber nele...
E o que era distante, agora é aqui...

Baseado no "Tratado do Desespero e da Beatitude", de André Comte-Sponville.

Levei um susto, e com isso, tamanha frustração, angústia, vazio... não que isso tenha me desiludido mais do que sou desiludido, mas me acordou de um sonho - esse último que sonhei... era um território, um mundo que não contruí sozinho - construímos...
Fazendo um estudo desse subjetivismo, verifiquei que toda explicação de coisa subjetiva é superficial...
Minha ilusão ou macro-ilusão do meu sonho essencial é o amor eterno, é uma vida gloriosa... aquele noivinho-que-gora, que de repente era eu, me levou à morte, me frustrou, mas não desiludiu meu macrossonho... aquele namoro, que esperei fosse duradouro, não foi... aquele amor, que esperei fosse verdadeiro, não foi...
O mundo desabou... desencontramo-nos... desterritorializamo-nos... perdemos os afetos, o magnetismo...
Mas ainda sou todo desejo... minha angústia é germinante de novos mundos...
Não deixarei de esperar por intensas batidas de asas de um vôo eterno...
E como poderia deixar de esperar, se creio no amor?