Moderna angústia...


Com o tempo passo a entender o passado.
Mas nunca entendo o presente.
Tudo é sempre tão novo.
A chuva cada vez mais se acumula nos rios até o pesar...
Cada gotícula é condensada até que o peso do mau tempo recai sobre minha cabeça.
Clarões e rajadas fortes me fazem procurar imediatamente um lugar seguro que me proteja da tempestade.
Meu sentimento está carregado de energias desequilibradas que se ligam através dos fatos impulsionados pelos ventos vacilantes.
Não consigo conter meu pesar, e ponho-me a chorar no exato instante em que tudo muda de sentido ou simplesmente passa a ter sentido.
Dos raios que me assustam me protejo. Minha visão ganha uma capacidade inimaginável e sem controle.
Preciso apenas de luz para enxergar o mundo...
Preciso me sentir tão natural quanto a natura...
Faço bons e maus tempos da saudade que invento.
As nuvens da angústia me transportam para o mundo das sombras que se escondem na escuridão.
Não tenho a convicção de Noé.
Estou na chuva que tudo finda.
Quando no cair da última gota d’água, solitário, no deserto vasto, estarei livre de sentimentos, mas sofrerei de muito frio, calor e sede, e terei miragens e alucinações.
O futuro ainda não teve esperança...
O presente vaga sem encontrar as pedras que indiquem o caminho da ida...
O passado nunca se desligará de mim...

Um comentário:

Maria disse...

que linda prosa...moderna angústia com os rococós do passado...caixa de pandora de cada um. beijo,beijo